terça-feira, junho 28, 2005

Azul... às vezes, também é quente...


Azul quente


Azul...
Azul...
para voar à solta
Ir
Partir
Escolher...
Ficar(?!)

Ser

(Hoje, esta é especialmente para ti!)

sexta-feira, junho 24, 2005

Aprendemos melhor com o auxílio da Lua...


Estou a aprender a andar ...
Sim, isso mesmo. Ainda que, ao mesmo tempo que aprendo a andar vá, no caminho por aí, navegando... Às vezes voo, com o vento de ajuda de algumas companhias destas jornadas a darem lastro à distância percorrida, à luz da Lua entre Estrelas... e faço-me ligar aos destinos que mais gosto.

É de uma viagem assim que me ficará sempre a memória... um hábito!
Como quando no meio da ida a volta se dá... tudo tão relativo, para onde vamos e como... será vazio, esta aventura?
Gosto tão mais de escrever à noite... mas é já agora que isto me apetece. No Turno de lá, voltarei...

e mais e mais... tanto que fica por dizer, quando se aprende a "conhecer devagarinho o desconhecido"

quinta-feira, junho 23, 2005

o Tempo é precioso para mim... IV

Conta que começou aos seis anos, na terra natal e perto dela (se podemos pensar 25km coisa pouca para pernitas de gaiato de meia dúzia de anos apenas...) bom, mas com tenra idade diz ter começado por se fazer... negociante de açúcar. Que, à época, era artigo difícil de encontrar. Conta que se fazia à estrada, aos carreiros e em corta-mato, pequenito pela vida, de casa da família à povoação mais perto, buscar o que faltava. Que por tão pequeno poder mais facilmente desviar a guarda... conta que se viu, um dia, em maus lençóis, quando fechadas todas as saídas, tinha consigo cinco quilos de açúcar num saco e ser tal produto racionado... proibida que estava a sua venda por alargado.
Tinha seis anos e um saco grande demais para esconder.
Seria noite em breve se não se fizesse ao caminho... pensou e repensou, virou as voltas ao destino e descobriu. Comprou com alguns trocos uma sacada de erva volumosa e leve, esvaziou parte, carregou pelo meio o saco de açúcar, encheu até cima com a erva que reservara e fez-se à sorte, pelo meio de gentes e polícias, pelo meio de confusões e brigas, de fugas e apertos, se lhe perguntassem diria “forragem, para os animais!”
... E perguntaram. E ele disse.Seguiu caminho e, aos seis anos –conta– fez-se contrabandista!

o Tempo é precioso para mim... III

Queria ter ensinado gente e gente. Queria ter tido mais tempo agarrado ao volante, agarrado ao manual de código ou ao estudo de catrapázios sem fim de mecânica automóvel... queria ter sabido muito de como trabalham as máquinas que nos levam. Queria ter ensinado o gosto de nos fazermos levar nas máquinas que nos conduzem... conduzindo-as. E foi sendo de tudo um pouco, ao longo da vida... já longa. Tão longa.

(Lembram-se dele...)

o Tempo é precioso para mim... II

Alquimista de profissão, corredor de estradas de alma, fazedor de sacos e sonhos de prendas renovadas, de caminhos palmilhados que se re construirão.
Quantas histórias saberá? Quantos chãos diferentes terão pisado tantos sapatos? Quantos caminhos de lama conhecem aquelas botas e em quantos jantares ou bailes de gala já terão dançado as sabrininhas ali?

Os sapateiros são homens de mãos grandes.
Os sapateiros são homens que guardam segredos, que sabem histórias, que lembram andanças e contam aventuras. Todos? Não sei. Não podemos saber isso. Apenas conhecemos e queremos contar o “nosso” Pereira!

“Eu sou Pe-rei-ra!!”, disse um dia o sapateiro. Soletrando, quase, que de seu nome próprio disse ser “muito feio”.
Pedimos-lhe, a dada altura, se nos contava coisas da vida.
Como fazia para trabalhar sempre e rir todos os dias também. Levantar tão cedo e estar na forma em forma sem falta. Sábado ou domingo, dia santo ou feriado... à volta de mais um saco, daquela carteira, de outro artefacto ou coisa simples, mas um dia claro outro de mão suja, a qualquer hora, ainda que muito estapafúrdia, lá se encontra o mestre. Artesão de alma, industrial de coração.

Queria ter sido instrutor. Queria ter ensinado gente e gente e gerações atrás de outras, a conduzir. Queria ter experimentado África a outras cores, outros sons e vidas. Queria ter filhos que soubessem da arte e assim fez. Ensinou aos seus rebentos, ajudou os naturais, instruiu quem lhe chegou à aula. Ensinou toda a vida. Aprendendo. Sempre!“O tempo é precioso, para mim!” diz muitas vezes o sapateiro. Como para nós, não é? Para todos. Para toda a gente. O tempo cerca-nos e aperta os nossos dias. Por isso ele começa a jornada às cinco da manhã. É melhor, diz-lhe a experiência. Não interrompem. Não surgem cliente novos à porta. Não há mais movimento que o girar frenético das suas polidoras, o tic-toc do martelo, o tec-tec-tec sincopado da máquina de costura. Pode começar com os artigos delicados e levar a empreitada de um só fôlego ao domingo, com mãos limpas para trabalho asseado. Pode fazer novas solas, cada molde especial, cada costurice aperfeiçoada das botas mais duras que algum dia alguém viu. Pode ao seu ritmo, com o rádio no on a cantar baixinho as mais belas melodias – “sim, que eu sou esquisito na música!” – refazer testeiras ou fortalecer contrafortes de qualquer sapato, desde cinderela a caçador de lobos, qualquer personagem de conto de fadas pode ali dirigir-se que nova história ouvirá e, como novo, reencontrará sapato ou mala, bota ou mochilão. depois de velho novo se faz!

o Tempo é precioso para mim... I

O Tempo é precioso para mim...

“Eu sou Pereira”, disse um dia o sapateiro.
O tempo é precioso, para mim... afirmou a certa altura, enquanto cosia e recosia um sapatão grande, de Inverno e com ar gasto, de dono que esperava voltar a vê-lo “como novo”. Ao mesmo tempo que dizia destas exclamações claras, envolvia-nos em considerações enigmáticas, cheias de reticências e subentendidos de quem tem muitos anos de vida e um gosto requintado pelas palavras: “preciso que chova, para regar as minhas quintas!” e com gesto largo abarcava a oficina iluminada por diversas lâmpadas e candeeiros, meticulosamente dispostos pelo espaço, traquinamente suspensos do tecto ou das prateleiras. Verdadeira obra de decoração pensada e desenhada com afinco. Arte posta ao serviço!

Como pode alguém, aos quase setenta anos, irradiar tamanha energia? Fazer com tanto gosto? Saber com tal mestria?
“Estas são as minhas quintas...” reafirmava ao apontar sapatos e botas, carteiras e sacos, botifarras e sapatinhos.
“Estas são as minhas quintas e por isso, preciso que chova...” e ria, no seu riso malandro. De quem espera um salto sem capa, um fecho que não aperta, um cano alto que precisa ser alargado, um requinte de chinela que, antes que se faça tarde, vai à forma ganhar brilho... que o tempo é precioso para todos e incerto para tudo, tantas vezes.

terça-feira, junho 21, 2005

no dia mais dia

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Quente... por ser uma cor quente, hoje, no dia mais dia do ano!
ah... a foto? sim, sim, foi uma tarde quieta, ao fundinho da pista de remo de Montemor... eu e o Assis, fartos de estar mais quietos que a tarde, fomos d'um salto, espreitar o rio... até ele, paradinho ali
o Assis? quem é?... as histórias dele, um destes dias, aqui virão... nas suas orelhitas marotas e no jeito reguila, de ver, de olhar...

Um átomo a mais que se agitou

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e se isto fosse um átomo? um átomo aquecido pelo nosso espanto pela vida... era uma átomo agitado. Garanto! (sim... é o Rio Mondego feito espelho, ao fundo dos campos, verdes de arroz) (sim, a foto foi o meu olho esquerdo que escolheu. Sim, a fotografar nunca fui dextra!)
mmmmmmmmmmmmmmm
mmmmmmmmmmmmmmmmm
Álvaro de Campos escreveu um dia ...TUDO É A RAZÃO DE SER DA MINHA VIDA isto deixa-nos a pensar, não é? O facto de andarmos feitos tontos, em busca de algo especial que seja razão de ser das nossas vidas faz-nos perder momentos únicos em que a vida não espera que a alcancemos para nela descortinar o tal mais-que-tudo, a tal razão especial... porque havemos de andar em busca de uma razão especial? Porque não podemos encontrar razão de ser para a nossa vida no mais insignificante momentinho de vida que experimentamos?! Porque havemos de andar sempre tão insatisfeitos quando, afinal, a insatisfação começa onde não soubemos dar lugar a um valor mais forte, a uma razão mais funda, a um querer mais aguerrido, a um crer mais verdadeiro na grandeza da vida? Ela própria, a vida, deve querer-nos vivos, não? Tudo é razão de ser da nossa vida! Precisamos é dar-lhe sentido! A tudo! À Vida! Porque nos zangamos sem saber que rumo dar aos nossos dias, porque razão perdemos a razão de ser das nossas vidas? Porque nos distraímos, só porque andamos muito distraídos, preocupados com o tempo, preocupados com a vida ...e...
... depois dizem que quem não tem problemas que os inventa. Toda a gente quer ter problemas. Senão de que é que havia de se falar? Crise. Então não é esta a tão badalada palavra?Crise da economia. Crise da adolescência. Crise da idade adulta. Da meia idade. Da terceira idade. De tudo. De qualquer coisa. É só de crise que se ouve falar. Ou houve? Há crise. A crise vive-se. Convive-se com ela. Aprende-se a viver com ela. Por ela. POR CAUSA DELA ou APESAR DELA. E serve-nos de desculpa. Somos todos vítimas da crise. De consciências. De incompetências. De maledicências. De hábitos. Dos hábitos que deixámos instalar e nos tornaram assim ausentes. Despreocupados. O quê? Despreocupados? Como, se andamos sempre tão aflitos por causa da crise. Com a crise?! Qual despreocupados? Andamos sempre tão aflitos! Os filhos por causa das notas. Os pais por causa das notas. Os professores por causa das notas. Mas que notas?Claro. Aquelas a que a nossa consciência costuma acrescentar o BEM: «nota bem» diz-nos ela, (a consciência), tentando lembrar-nos das tais lembranças, sonhos, vontades, desejos, preocupações, alegrias e tristezas de quando éramos tão pequeninos que apenas procurávamos ser pessoas. Boas pessoas. Pessoas boas. Daquelas que têm sonhos. Daquelas para quem viver era ver o sol todos os dias. Mesmo quando chove. Mesmo quando há noite. O sol. A lua é o sol da noite. Ah! Quando todos os dias são bons para acordar e começar mais um degrau de qualquer sonho. Porque o sonho é estar acordado. É a vida... Há quanto já nos esquecemos disto?
Parece que toda a gente se esqueceu que a sua vida «É UM ÁTOMO A MAIS QUE SE AGITOU» e se agitou bem. Para bem.

guarda-se o mundo... assim


Já lá vão uns anos, andava ela em busca... de imagens que a cantassem e que mostrassem dela, nas coisas "captadas", o melhor do mais secreto, mais fundo, luminoso (e sombrio) dA que era, dA que se fazia... já lá vão uns anos!!
E continua...

segunda-feira, junho 20, 2005

esconjurar restos de cinza

Não sei a que se deve tanta ausência de mim nas palavras ou das palavras que me costumam guiar em mim… sei só que não me tem sido possível encontrar-me e, por isso, ser impossível escrever-me ou dizer disto que me resta ser...
Mais uma vez, ando às voltas das escolhas que me conduzem (quase) invariavelmente ao vazio. As escolhas que me deixo fazer, aquelas a que me entrego… e que me abandonam sempre, por me levarem a caminhos sem horizonte, a estradas sem pavimento que flua… fico sempre aqui, neste "entre" o que procurei e onde desejei chegar, "entre" quem me dispus ser e não me vi abrigada, "entre" o outro que intuí (… errado) e esta que sou, ou que me vou fazendo.
Desesperançada.
Ou não…
Talvez me veja chegada à hora de aceitar este jeito solitário de ser, este modo acordado de me fingir dormente para os afectos…
Hoje é, talvez, o dia em que começo a experimentar o fim da espera. Desisti-me mais uma vez e, desta, vou ficar por aqui. Neste nem longe e nada perto, do que podia ter sido. No longe, muito longe, de quem vi que seria… não havendo companhia, mais vale que nos deixemos aconchegar em nós.
Fico comigo, seja! E a escolha agrada-me, valho a pena por mim, por quem sou. Chego-me? Basto-me? Sim… serei capaz de me atrever a mim e de me fazer valer pela que sou…
Sim.
O longe e a distância a que me quiseste entregar… conduziu-me a isto, a quem sou… não é má escolha, a minha… bastar-me-ei? Talvez… por agora, é comigo que terei de me saber.

como para começar ... ali!

Hoje é o dia mais noite das noites … que é de noite que a vida acontece!
Que é de noite que se veste o ar e até ele escuta… a melodia de um piano que não vejo, de um contrabaixo que não sei, de uma guitarra dedilhada em Coimbra, ou de um ápice mais breve que a palavra.
Em que se olha e se vai além, do que vemos, de quem somos, de quem tínhamos sido até àquele instante preciso.
Como se o caminho acabasse para começar ali.
Exactamente.
Porque o segundo em que tudo se sente, em que se paralisa o mundo, o sol, a lua, as estrelas todas e fica “apenas” a impressão absoluta de ter valido a pena viver, para chegar… Ali!

domingo, junho 19, 2005

será possível?

O começo é sempre o mais aliciante... será?
Dizem-nos que sim, julgo eu, desde sempre. Que começar é sempre na impressão da surpresa, da novidade, de qualquer coisa que comporta ainda mistério, caminho novo, vontade...
Talvez seja.
Desconfio!
Gostava mais de pensar que começos serão todas as ideias novas, possíveis? impossíveis? importa alguma coisa, à ideia que nasce, saber se é das que se fazem ou das que "só" iluminam caminho?
Encontrar possíveis é que é obra, descobri-los, dar com eles mesmo onde se escondem, onde parecem nem existir...
... e fazê-lo a vida toda, a toda a hora, a cada instante


será possível?