quarta-feira, julho 20, 2005

imaginava eu...

Ao Paulo
que me fez Pai sem aviso prévio... mas também, quem precisa de aviso, se é para dar à luz uma palavra?
a
“Imaginava eu que havia tratados da vida das pessoas, como há tratados da vida das plantas, com tudo tão bem explicado, assim parecidos com o tratamento que há para os animais domésticos, não é? Como os cavalos tão bem feitos que há!
Imaginava eu que havia um livro para as pessoas, como há hóstias para cuidar da febre. Um livro com tanta certeza como uma hóstia. Um livro pequenino, com duas páginas, como uma hóstia. Um livro que dissesse tudo, claro e depressa, como um cartaz, com a morada e o dia.

Mas eu andei a procurar por todas as vidas uma para copiar e nenhuma era para copiar.
Como o livro, as pessoas tinham princípio, meio e fim. A princípio o livro chamava-me, no meio e livro deu-me a mão, no fim fiquei com a mão suada do livro de me ter estendido a mão.
Talvez que nos outros livros… mas os títulos dos livros são como os nomes das pessoas – não quer dizer nada, é só para não se confundir.

Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade.”
José de Almada-Negreiros (O Livro)

11 Comments:

Blogger Cadelinha Lésse said...

Maria, permita-me acrescentar, do mesmo mágico que transforma a escrita em sabedoria, o seguinte: "Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas".

JAN (1893-1970)

4:28 da tarde, julho 20, 2005  
Blogger maria said...

'miguinha Lésse,
dito assim, só um sorriso!
:)

4:33 da tarde, julho 20, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Aqui vai outro:
:-)

4:49 da tarde, julho 20, 2005  
Blogger Dinamene said...

Pois isto de salvar a humanidade, não, que ninguém salva ninguém, mas o facto de as pessoas, ou as relações, e as palavras nelas, não virem com livro de instruções é, ainda que isso desse jeito a muito «engenheiro» de..., é ainda um, ou melhor, o maior incentivo à vida e à sua constante invenção e reinvenção. De contrário, se tudo tivesse aviso prévio, não haveria um Almada Negreiros para assim nos dizer.
:-)

9:56 da tarde, julho 20, 2005  
Blogger paulo said...

Do Almada gosto desta:
"Eu queria que os outros dissessem de mim: Olha um homem! Como se diz: olha um cão!; quando passa um cão; Como se diz: olha uma àrvore!, quando há uma àrvore. Assim, inteiro, sem adjectivos, só de uma peça: Um homem"
Agora podes pôr mulher, que é o mesmo, senão melhor

9:21 da manhã, julho 21, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Cheira-me que aquele tal de Paulo também gosta de cães...

:-)

3:01 da tarde, julho 21, 2005  
Blogger paulo said...

Gosto de pinchers e chiuauas, porque são pequeninos; gosto de cocker spaniels e de bassets porque pisam as orelhas; e gosto de coolies, porque me fazem pensar em ti.

4:18 da tarde, julho 21, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu (que pouca vergonha aqui vai, Maria!)

7:09 da tarde, julho 21, 2005  
Blogger maria said...

Concordo, concordo!
:)
Lá está, anda tudo maluquinho! (e duvido que seja do calor! o que as palavrinhas fazem!! auuuuuu uu)

9:51 da tarde, julho 21, 2005  
Blogger moon between golden stars said...

Hoje passei apenas para um abraço... Porque infelizmente o tempo nao estica :((((

11:32 da tarde, julho 21, 2005  
Blogger Carlos de Matos said...

... obrigado pela tua visita!
... aparece sempre, pois serás bem vinda!
... como gostei do teu QUEM ESCREVE... linkei-te!

Xi

12:44 da manhã, julho 23, 2005  

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