quarta-feira, julho 27, 2005

como se faz a Chuva - ainda as aventuras do Assis (ou um Olá! à amiguinha Lésse)

Ora um dia, estava eu tão sossegadinho, a tentar roer a unha pequena do dedo esquerdo da minha mãe, andavam os crescidos a reclamar com o cinzento do céu e a dizer que, às tantas, “ainda hoje chovia!!!”..
Então, como disse, estava quase quase a conseguir a posição óptima para roer a unha quando… susto!
Uns pingos grossos de água fria me atingiram no nariz… lambi depressa, para não perder o jeito do dente canino direito mesmo à esquina da unha e não me soube a sal… (pois, que se fosse lágrima seria salgada!)
Tive de parar! Aquilo era uma queda de água esquisita que eu não sabia explicar. Não parava. A minha mãe desatou ali aos pulos (lá se foi a unha…) e eu, acho que fiquei meio paralisado, meio atarantado, olhava o céu que se desfazia como um regador velho de brincar… caía-me aquela água em fios no nariz e nem se assustou quando eu me zanguei e lhe desatei a ladrar… auf, auf, auf, auf, auf…
E nada. Não parava. A minha mãe estava maluca de contente! Pulava debaixo daquele chuveiro invisível e cantava de alegria molhada… achei que o melhor era juntar-me a eles… já que não vencia aquele regador maluco mais valia que não lhe desse de caras a vitória sobre a minha engenhoca de roer unhas.
Resolvi morder-lhe a ele… mas não se via onde começava… nem tão pouco onde acabava a mão que despejava a água… tinha que morder qualquer coisa, ora essa! Então resolvi trincar os próprios pingos!
Assim fiz.
Zás! Cada um que me acertava a língua já de lá não se escapava! E zumba, e zás, mordi tanto pingo, tanto pingo que fiquei cheiinho de água na barriga…
Ah era?! Queria molhar-me?! Pois escondi as gotas todas dentro da minha barriguinha!
E roídas!
Por isso é que desde aí, quando do céu se abre a porta da água, ela cai em tiras… fui eu!

Eheh! O bravo cachorro que fez da água fatias fininhas…


É verdade que, mais tarde, me quiseram convencer que a estas linhas finas de água se chama chuva e que não é um regador invisível que a deita…
Oh…
Eu deixo-os pensar que me enganam, porque devem achar que temo a ideia de ser o céu inteiro a desfazer-se aos bocadinhos. …

8 Comments:

Blogger Unknown said...

essas unhas roidas ao som de uma musica imaginária enquanto a imaginação se prende em circulos dentro de nós.
gostei muito.

11:33 da tarde, julho 27, 2005  
Blogger Carlos de Matos said...

... estou apixonado por este CÃO!


Xi

12:45 da manhã, julho 28, 2005  
Blogger maria said...

eheheh... eu também!
este cão é "o meu menino"!

:)

1:00 da manhã, julho 28, 2005  
Blogger Cadelinha Lésse said...

Oh, Maria! Esse fazedor de chuva é o chamado cão-maravilha. Bom... e a patroa não é menos doida, não senhora!!!
Puseram-me a sorrir, vocês, essa é que é essa...

2:53 da tarde, julho 28, 2005  
Blogger cbs said...

São historias assim saborosas, que noites futuras, os cães velhotes recordarão para contar aos cachorros, sentadinhos em silencio, em torno da lareira, enquanto a nortada sopra.

E já não existirem humanos.

Clifford Simak, As cidades mortas (City)

Um abraço Maria

3:50 da tarde, julho 28, 2005  
Blogger Sr. Jeremias said...

Eu adoro andar á chuva, por estranho que pareça. Talvez seja por o melhor dia da minha vida ter sido passado debaixo de resmas de água, não sei.

Mas uma coisa que me intriga é o facto de as crianças também não fugirem dela, até que um qualquer adulto as puxe para casa...

Porque não nos deixamos andar à chuva??

O cachorro é um espectaculo...

Beijo

11:06 da tarde, julho 28, 2005  
Blogger maria said...

DumB, escuta bem isto que te digo:
"o cachorro" já conta oito aninhos e está um panças de fazer sombra a gordos...

:)
Continua a gostar de chuva e d'andar aos pulos com ela! eu também! ah... mas somos todos aqui umas crianças!! eheh

11:20 da tarde, julho 28, 2005  
Anonymous Anónimo said...

o problema da chuva(por mais redundante que seja dize-lo) é que molha..mas ele sabe a soluçao!Moder cada pingo e esconde-lo na barriguinha..trocou-lhes as voltas o espertinho! Está encontrada a solução, morde-los a todos, a eles..aos "pingos" que vao caindo, antes que nos "molhem" a nós..eu vou andando por aí tentando morder tantos "pingos" quantos os regadores teimarem em deitar em cima de mim..e assim vou chegando a casa seca..umas vezes mais que outras..mas tentando ao maximo evitar ficar encharcada..

se pensarmos bem os pingos do regador so nos molham a partir de uma certa idade..daí que as crianças adorem andar a chuva e nao fujam..
Talvez seja mais facil não crescer tanto, crescemos só até ao limite, até a barreira a partir da qual os pingos nos passam a molhar, sem nuca a ultrapassar..
ora! Não crescer tanto daria menos trabalho do que morder os pingos todos..é que sempre vai escapando algum..



P.S. - Já tenho saudades desse mordedor de pingos :) e da dona claro :P

6:04 da manhã, agosto 03, 2005  

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