segunda-feira, agosto 29, 2005

sobre a Escola ou sobre a Educação Escolar...



“Se o saber fosse alguma coisa de puramente estático e a consciência fosse uma espécie de vazio, ocupando um «espaço» no homem, então este modo de educação poderia ser correcto. Mas o saber é um processo e a consciência é intencionalidade dirigida para o mundo”
Paulo Freire

quinta-feira, agosto 25, 2005

Os silêncios - como os teus olhos

O que liga as pessoas são os silêncios.
São as construções.
Os silêncios, se cúmplices, porque deixam a expectativa do que será dito. do que surgirá escrito. do que, mesmo não tornado som é já música, é já embalo, é já jazz...
As construções, se comuns, porque parte de um todo, parte de cada um, parte da parte de um no outro, porque composição, porque mestria, porque arte.
O que liga as pessoas é a arte. De se darem. De se saberem. De se esperarem.
Em comum, em partilha, em pleno.
O que nos liga, que nos prende, que nos faz voltar, são os olhares que deixamos presos a cada despedida. São os olhos. São o que ainda não lemos naqueles olhos. São o que queremos voltar a ver reflectido nos olhos e do olhar daqueles que nos prendem. A quem nos queremos prender.
Assim, em que fico? No silêncio. Na construção. No olhar.
Na presença ainda que ausente. No estar ainda que distante. Na luz ainda que na penumbra.
No sonho sempre se acordados. Sempre se realizáveis.
No abraço. No calor de cada abraço.
Onde estarei? estarei? serei? Sei lá. Mas também não importa nada. Ser, não ser? eis a questão diria o grande! Ser ou não ser?! Antes ser. Antes ser e assumir o ser. Ser para fazer. Realizar. Sim. Voltamos ao princípio. Voltamos ao início.Ser para realizar. Construir. Guardar naquele silêncio que impulsiona. No silêncio que nos deixa perto...
ainda que não estejas (a tua voz) aqui

quarta-feira, agosto 24, 2005

Num "abuso de paciência", a pergunta: entendem-me aqui?

Há trabalhos que nos enlouquecem...
há coisas que, tendo de ser feitas, nos matam demasiado se nos tiram A liberdade de expressão.
Isto é um bocado (o começo) da conclusão de um relatório que anda a queimar-me a vida...
digam-me... posso escrevê-lo assim? lêem-no assim? Percebem-me (e à intenção das palavras) aqui?
eis a desdita...

A elaboração de um trabalho, qualquer que seja o trabalho, deve poder contar-se, no seu terminus, como processo que se desenvolveu tendo em vista (mais ou menos clara, mais ou menos próxima mas sempre permanente) o objectivo. Um trabalho como a investigação (...) no campo das ciências (ditas) humanas, deve, de modo imprescindível, acontecer sabendo a cada passo, quais as razões, os motivos, as implicações que, a montante, levaram a tomar-se como urgente tal estudo.
O facto é que, neste trabalho, vimos todo o fundamento da nossa vida (desde estudante nos primeiros momentos de Escola a profissional da preparação de “outros” para a Escola e/ou – porque não dizê-lo – para a vida), desmoronar-se por entre entraves de burocracia do sistema, por falta de confiança de que valesse o esforço estar a questionar mais profundamente os hábitos, que fosse útil recuperar antigas formas de estar e fazer em Educação, que fosse possível inflectir, esticar, renovar, numa palavra: mudar! Da perspectiva de que fundamental seria cuidar da mudança a partir dos professores e dos anos antes dos estudos superiores, percebemos que, se desejávamos apresentar trabalho, alcançar conclusões de diagnóstico que permitissem elaboração e definição de novas rotas para traçar caminhos de acção concertada, então… devíamos deixar os profissionais e voltar-nos para os estudantes. Deixar os níveis onde (quase consensualmente) ouvimos afirmar-se “valer a pena” agir por ser ainda menos tarde, para tomar os estudantes dos anos (a julgar pela anterior perspectiva) “perdidos” ou, numa visão menos desastrosa, onde apesar de “tarde demais”, “qualquer coisa”/alguma coisa, valesse o tempo.
Deixámos os professores. Partimos para a abordagem das necessidades dos estudantes. Guardámos para um plano secundário o ensino pré-estudos-especializados e avançámos para os anos de preparação profissional.
Escolhemos abandonar uma população cansada de tanta experiência, mudança, reforma (como os professores dos básico e/ou secundários), para tocar uma amostra especial, deslocada, “diferente”, talvez por ela mesma se apresentar como “diferente”. Dos professores dos níveis básico e secundário, das suas especificidades, limitações e circunstâncias, passámos a procurar conhecer, descrever, caracterizar, encontrar e distinguir, uma população que, estando deslocada, precisa sentir-se “em casa”, acolhida, fazendo parte.
Da proposta inicial que nos retiraria do universo da Universidade para as escolas que a preparam, viemos desembocar numa população que é no meio Universitário que se encontra, no meio universitário que se constrói, no meio universitário que defronta os maiores desafios, obstáculos, propostas, caminhos, projectos… e para os quais sente a imensa falta de meios de que quase toda a população (escolar e outra) se diz necessitada mas que, dada a condição de deslocação e vida sem rede de suporte, se sabe ser mais vulnerável, frágil, fragilizada. Precisada, indubitavelmente, de estudos que a abordem e projectos que a reforcem, a relancem no caminho do sucesso académico que, necessariamente, irá conduzir (pelo menos alimentar) a real contribuição destes jovens para o progresso e desenvolvimento dos seus países. Falamos dos estudantes deslocados dos Países de Língua Oficial Portuguesa, para já, neste estudo para o desenvolvimento do trabalho.
É nossa intenção alargar realidades e prosseguir investigação conducente à organização de grupos que se assumam como redes sociais de suporte, como núcleos de apoio e desenvolvimento, como pequenas células onde se dê vida à multiplicação das melhores vontades ou seja, espaços-tempo onde ainda que saibamos que (como já citado a partir de José de Almada-Negreiros): quando nascemos, “as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas… ” também lembramos em permanência que: “… só faltava uma coisa – salvar a humanidade.”
Não pretenderemos “salvar o mundo” mas exigimo-nos contribuir para que, pela nossa acção, Este melhore e se recupere do fumo de morte a que se tem vindo a entregar há demasiado tempo, tão demasiado tempo…

terça-feira, agosto 23, 2005

sob o fumo cinza...



Coimbra está a arder...
e, ontem, a marca de cor quente que na madrugada vi,
era a linha de horizonte(s) que, nesta minha terra, tantas vezes, insisto (sentir sem querer sentir/dizer sem querer escrever)
não existir ...

sexta-feira, agosto 19, 2005

"fazer" alguma coisa é urgente, não acham? ... estou cansada de não ver alternativas... e de toda a gente a dizer que só restam sapos...

Quando era miúda e me diziam que não podia querer “salvar o mundo” lembro-me que ficava furiosa, não percebia porque é que os adultos pensavam sempre de um modo tão pequenino, tão incapaz de fazer mais que o mais simples das suas vidinhas pequenas de olhar pelo dia-a-dia... pois bem, agora já lá vai a adolescência, já lá vai a força pura de acreditar mas...
Não acredito que estejamos vivos só para viver um dia e a seguir outro, uma vida e depois dar lugar a outra. Não acredito nisso. Os poetas dizem “há que fazer mais, há que fazer melhor...” pois não duvido. Há que fazer mais. Fazer melhor! O Walt Whitman também dizia qualquer coisa parecida, ou o Ben Harper, e eram/são eles os poetas. A verdade é essa. É só essa. Os poetas se calhar, dizem destas coisas sem um alvo preciso mas, também, quem é que precisa de saber qual é o alvo preciso dos poetas se o que interessa é alcançar o que eles dizem mesmo quando (ou especialmente quando) eles próprios não sabem a que ou quem se dirigem?!
Definitivamente, há que fazer mais. E fazer melhor é cada vez mais urgente!
Apontar um objectivo maior, fundamental!

Caramba, salvar o mundo...
Era para isso que eu queria conduzir a minha vida quando era miúda. E tinha a certeza que o faria... mas depois, o tempo passa, as certezas vão-se, fica-se com a impressão de que tudo à nossa volta nos está, de algum modo a trair, a virar as costas e... quando menos damos por ela, pumba! A realidade adulta cai-nos em cima e reparamos, às vezes tarde demais, que estamos a perder-nos nos dias que correm e nos fintam as voltas e nos deixam a pensar que não temos tempo para tanta coisa que pensamos essencial que
o essencial começa a escorregar-nos para longe sem sabermos como voltar a encontrá-lo...

Uf!!! É preciso parar e pensar de novo.

Acreditar de novo!
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quinta-feira, agosto 18, 2005

solo pictórico



ouçam só um bocadinho...
estão a ouvir?
sim!
seja assim, um Solo Pictórico*


* de Carlos Barreto

quarta-feira, agosto 17, 2005

Sobre o Caos ou o Voo das Borboletas - JazzInRio



Há noites memoráveis...
Há instantes de deleite que ficam gravados na memória como pedaços bons da nossa história pessoal.
Momentos que nos enchem.
Encantamentos dos sentidos que precisamos partilhar.
Como acontece, tantas vezes, com alguns músicos de Jazz com quem temos o prazer fantástico de poder contar.
Como se andássemos, num delírio melódico, entre o Caos e o Voo das Borboletas...
como se conta, pelo menos um bocadinho, aqui:

sexta-feira, agosto 12, 2005

daqui a 47 anos vamos passear assim...


mesmo que não seja no Castelo de S. Jorge,
ou que não faça Sol...

________________vamos?
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quinta-feira, agosto 11, 2005

hoje apetece-me Vermelho!



apetece-me cor!
apetece-me que o tempo passe depressa.
que a noite corra.
que se deixe de molezas de Verão.
e me traga outro dia, outra noite, outra hora mais quente! Rubra!
Vermelha.
Apetece-me cor. Já disse!
Apetece-me saborear esta cor.
Saborear devagarinho a descoberta.

a luz. A sombra. Aquela sombra incerta.
e os fios de brisa que brincam e refrescam e embalam e despertam

e recomeçar.
apetece-me cor!
apetece-me a Luz e o calor desta cor!

...

indagação de criança...

Quando foi a última vez que tentaram superar as próprias realizações?
Quando foi o último dia em que inspiraram fundo e partiram para uma nova caminhada?
Quando foi que descreveram a luz perfeita que fazia brilhar aquele instante?
A cor do olhar que só naquele momento perceberam tão perto?
O tempo que, de súbito, pára e fica a deixar-nos saborear aquela preciosidade única das coisas raras?
Quando voltará, a contingência da correria do dia-a-dia, a deixar-nos flutuar nos devaneios que criam?
Que inspiração é essa, a das pequenas coisas, que leva à descoberta de tudo a que, mais tarde, dizemos nobre?
...

(mais uma recuperação, desta vez, depois de ter tido muita miudagem em volta!)

como uma "coisa" escrita antes pode ser um post ou... como um instante pode ser determinante... ... ou...

Há relógios onde as horas são redondas...
Então as pessoas, nesse tempo que não começa ou acaba, encontram-se e olham-se como se fosse a primeira vez que se vissem.
(se calhar é mesmo a primeira vez que olham e vêem!)
Nesse instante, do tempo que pára, pode acontecer assim:
a língua em que se fitam é comum.
e Ficam!
e desejam ficar.
e crescem.
e...

na Luz da madrugada, o dia de hoje começou ontem...

Quando assim é, diz-se da experiência que é Sublime!


(Sabes porque tive de o passar a post, tudo porque conhecemos um relógio que horas redondas...)

*

sexta-feira, agosto 05, 2005

"isto" um dia acaba, não é?

Somos, nós – espécie humana, a única massa vivente com consciência da própria finitude. Pelo menos, com consciência filosófica da nossa própria morte. Da condenação, inerente ao nascimento, que acompanha cada ser vivo. E, no entanto…
Temos consciência de vir a acabar, da pequenez da existência, da própria fragilidade de ser e apesar de tudo, vivemos como se nunca fossemos terminar, como se todo o tempo do mundo fosse menor que o tempo pessoal.
Quanto maiores nos julgamos mais infinitamente pequenos acabamos por nos tornar, não é?
Adiamos sempre tanta coisa fundamental…
Adiamos por ter razões várias que nos fazem esperar um melhor momento para agir.
Adiamos por medo de tanta justificação pequenina, medo de não nos compreenderem, medo de não nos deixarem fazer, medo de não gostarem que façamos assim, medo de não conseguir de outro modo, medo de não ser percebida a nossa razão, medo do medo… mas mais que tudo, medo de ter mesmo de acabar por ir embora desta coisa a que combinámos chamar vida.
É esse medo do medo que nos faz adiar. Na verdade, tudo que não fazemos agora por pensar vir a ser melhor depois… na verdade é só por que acostumámos o pensamento na ideia de perfeição e jogamos momentos únicos da vida ao vento, engalanados por uma ilusão apenas.
Deixamos para depois o gosto mais sublime de ser…
Deixamos para o momento ideal a hora de dizer a quem gostamos o como gostamos e o quanto nos é imprescindível que exista.
Deixamos para outro dia o dia de partir para onde sabemos (por que na verdade sabemos sempre) que seríamos felizes, por que também temos um medo enorme (o maior) de conseguir Ser plenamente.
Somos uma espécie daninha. Tonta. Somos uma espécie avarenta e enrodilhada em palermices assumidas como regras de bom funcionamento colectivo.
Sabemos e fazemos de conta que desconhecemos. Somos crescidos à procura do colinho de mimo que perdemos com o tempo que já vivemos.
Esquecemo-nos do fundamental em nome do imediato. Esquecemos que, afinal, podíamos ter tudo. Podíamos ser tudo. Podíamos ser quem quiséssemos se, na verdade, não fingíssemos a eternidade como nossa aliada. Se resolvêssemos viver arriscando dar-nos. Se arriscássemos a vida atirando-nos a ela.
Se lembrássemos mais vezes que não existiremos para sempre. Que temos esta como a vida que nos cabe engrandecer.
Se todos os dias, ao cair do sol, perguntássemos num murmúrio: e hoje, valeu a pena viver? E hoje, fizeste do dia um dia a lembrar? Disseste o que tinhas a dizer?
Cumpriste-te?

quarta-feira, agosto 03, 2005

pela nossa acção...

... se é ao mesmo tempo melhor e pior, o mundo, felizmente, mudou. E (...), enquanto formos vivos, pela nossa acção, o mundo irá sempre mudar.
Bento de Jesus Caraça

talvez... mais uma vez

Sidónio Pais, em Outubro de 1908, na Oração de Sapiência proferida na Universidade de Coimbra, afirmou que “o ideal da nossa pedagogia é poupar trabalho de compreensão ao estudante
… era ironia!?
Na época… talvez

talvez...


Talvez a única causa importante para o sucesso ou falhanço educacional de uma pessoa tenha a ver com aquilo que ela acredita acerca de si mesma
Combs

segunda-feira, agosto 01, 2005

há intervalos que sabem bem...


... e "descobertas" de leituras boas.
ou serão encontros? seja!

encontros que sabem Bem!